Durante muito tempo, os jornalistas foram os únicos formadores de opinião. Depois de conquistar espaço e credibilidade, a grande massa era informada e influenciada por estes profissionais, além da publicidade, claro. Agora, os tempos mudaram e nós não somos mais a principal fonte de informação. A internet está repleta de pessoas que debatem, apresentam e divergem de fatos. Por isso, estamos na era dos influenciadores digitais.
Para se ter uma ideia da grandiosidade deste mercado dos influencers, a produtora criativa holandesa MediaMonks anunciou uma fusão com outra agência, a Ima, que tem em sua base 40 mil influenciadores. Esses influenciadores atendem grandes marcas, como Booking, Diesel, Heineken, Microsoft, entre outras. Se até as grandes marcas já se renderam a estes novos profissionais, nossa visão de mercado também deve mudar. Para eles, o marketing de influência é uma subcategoria da indústria de conteúdo de marketing digital.
Segundo a Business Insider Intelligence, as marcas irão gastar com os influencers US$ 15 bi até 2022. Hoje, esse valor é de US$ 8 bi. Outro exemplo é a Rede Globo, que inseriu o tema dos influenciadores digitais no roteiro da novela das 21h – ‘A Dona do Pedaço’ – e ainda vinculou o atrelou o assunto, ao mesmo tempo, com o setor comercial, deixando dúbio ao telespectador se aquela cena era real ou não.
Vivi Guedes é a influenciadora digital interpretada por Paolla Oliveira na novela. Paolla é a garota-propaganda da marca Fiat. Porém, na mesma semana, ela apareceu durante o comercial da TV dizendo que não iria mais representar a marca. Dias depois, Vivi Guedes, gravou um merchan para a Fiat durante a novela. Resultado: o capítulo terminou com a propaganda real da marca aparecendo na TV. E não era a novela. Tanto a Fiat quanto a Globo internalizaram com tal força a personagem que semanas depois o comercial encenado por Vivi continua no ar. É como se fosse tudo de verdade. A personagem tem até perfil no Instagram, o que confunde o real com a ficção. Esta dinâmica já está se espalhando e, agora, o personagem Roque – encenado por Caio Castro, também entrou na onda dos publis durante a novela.
Mas para que tudo isso? Para dar voz e se identificar com a população, que hoje se informa e procura muito mais pelos influenciadores digitais, seja no YouTube, Instagram, Facebook… ou em qualquer uma das tantas outras plataformas disponíveis.
Duradouro x saturado
Algumas pessoas já se cansaram dos posts que trazem conteúdos fúteis – como por exemplo, a cor preferida do batom, a marca X de roupas, alimentação saudável ou não, qual corte de cabelo combina mais com você… – e acreditam que o mercado está saturado. Um dos maiores instagrammers dos EUA – Josh Ostrovsky – disse que essa ‘profissão’ está perto do fim. Mas aqui no Brasil, penso que estamos na contramão. Tem muita gente boa produzindo conteúdo relevante e que, mesmo com o fim dos likes do Instagram, continua se destacando, até porque o alcance e o engajamento deixaram de ser os KPIs (indicador de performance) principais.
A credibilidade passou a ser o principal ativo de um influenciador digital. Hoje, quem faz os comentários em redes sociais são os novos leads. Grandes nomes das redes sociais, como Felipe Neto, PC Siqueira e Cauê Moura, tornaram-se famosos por falar o que as pessoas queriam ouvir. Sejam cases reais sobre sofrer bullying na escola ou por gostar de games. Outros (que inclusive admiro), como o Mario Sérgio Cortella e a Monja Coen, estão ali para propor reflexões, promover a autoestima e chamar para a ação.
Não podemos esquecer que a grande massa hoje se influencia pelas redes sociais, um enorme e real exemplo foram as eleições de 2018. Sem debates em emissoras abertas, candidatos foram eleitos de forma parcial usando apenas as redes sociais para se comunicar, sem responder aos questionamentos dos adversários e falando apenas o que era do seu interesse.
Novas redes
Depois de ler tudo isso, você pode cansar das redes sociais atuais. Não, não precisa pensar em se desfazer delas, mas esteja aberto aconhecer novas plataformas. Abaixo sugiro algumas:
Pinterest: para quem curte fotos e gosta de um feed harmônico, é muito usado nos segmentos de moda, varejo e arquitetura
VSCO: proporciona a edição de imagens e tem feed próprio
500px: similar ao Flickr, também voltado para a fotografia
Shoelace: esta novidade do Google está em teste em NY e serve para organizar eventos e atividades locais, valorizando a comunidade real
Vero: significa ‘de verdade’ em italiano e tem o objetivo de ser uma rede sem anúncios e de fotos reais, mas a inscrição é paga
A pergunta do título desta reflexãoainda não foi respondida… e não foi por acaso. Ela ainda não tem resposta. Quando falamos na comunicação atrelada às redes sociais, não há exatidão. Tudo depende. Enquanto isso, podemos pensar em trabalhar com este grande nicho: que tal agenciar um influenciador digital, planejar e organizar suas agendas ou então monitorar suas plataformas? Tem espaço para todo mundo, basta esquematizar as ideias colocá-las em prática.